quarta-feira, 10 de julho de 2013

Mãe água


Vejo da janela de vidro 
cavalos
selvagens passarem em 
disparada seguindo uma 
espécie de comando invisível,
como um cardume hípico de
crinas brancas, pretas e 
trançadas. 

O que fazem esses animais
é uma dança trotando
velozmente sobre a espuma
da água do mar.

Estou sentado numa cadeira
antiga ensaiando um romance
numa máquina de escrever
com uma xícara de chá na
mesa de madeira gasta
trazida pelas marés.

O som metálico das teclas
vai ficando mais leve
acompanhando a marcha
se distanciando no fim
dessa tarde primitiva.

Quando o homem deixou
de enxergar a Deus na
natureza ela se escondeu
dos olhos pornográficos
dos mercantilistas, mas
por vezes quando estamos
distraídos da nossa vaidade
racional ela se mostra
novamente com todo seu
esplendor para nos lembrar
do sagrado que nos atravessa
a alma num choque florescente
e nos encanta como um
vaga-lume em meio
à escuridão.






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